quarta-feira, 4 de junho de 2008

Parte III

- Rá! É a bruxa Dedéia! Sei que é ela! – disse Belinha num salto, parando sentada na cama, olhos arregalados de excitação, segurando os dedinhos dos dois pés.

A avó olhou a menina com aquela cara de “nem te ligo”.

- É ela num é, Vó?
- Por que você acha que é ela?
- Vó! Alo-ou! Cabelos vermelhos, farrapos, mulheeeeeeeeerr! Aposto que é a Dedéia!
- Bem... vamos ver...
- E imita a voz dela, Vó!
- Mas a gente nem sabe se ela está viva, menina.
- Vó! Acorda! Ela é I-MOR-TAL!
- Ok... vamos lá!

Depois de uns 10 minutos fitando o “embrulho” ruivo estupefato, o jovem balconista...

- Saco!
- Quê isso menina! Que modos são esses?
- Esse cara num tem nome não? É jovem quanto?
- Belinha, sossega, ta? Senão paro de ler.
- Ok, vó.

... o jovem balconista retirou delicadamente os pés debaixo da mulher. Afastou...

- JB!
- O quê?
- JB, vó! Ao invés de você ler “jovem balconista”, que é um saco, fale JB! Tá?
- Belinha... Posso continuar a ler? – falou a avó cansada e entredentes.
- Ta, vó. JB, ta?

... Afastou os cabelos ruivos do rosto dela temendo reconhecê-la. Era...

- DEDÉIA! RÁ! É A DEDÉIÁÁÁ! É A DEDÉIÁÁÁ! É A DEDÉIÁÁÁ! – cantarolava feliz a menina.

... a Dedéia!

- (suspiro) - a avó olhou para a neta com ares de impaciência.

O JB não sabia o que fazer. Correr? Gritar por socorro? Sair de fininho e fingir que não viu nada? Mas a curiosidade que explodia dentro do jovem foi maior e ele foi verificar se a mulher estava viva. Tocou levemente na macia pele do pescoço dela. Estremeceu ao sentir a pressão rítmica do sangue da bruxa nos dedos. E quando ele pensava em sair de fininho, ela abriu os olhos e disse:

- Beije-me...

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