quinta-feira, 12 de junho de 2008

Parte IV

Entre atordoado e intrigado com o repentino pedido, o JB sentiu que ia se aproximando da bruxa apesar de si mesmo. Tudo ao seu redor desaparecia, sons e imagens se misturando em um turbilhão silencioso. Somente conseguia enxergar aqueles profundos olhos que pareciam sugá-lo.

- Creeeedo, vó...
- O que foi agora? - a avó grunhiu docemente.
- Olhos que sugam! Onde já se viu isso??
- Belinha... é uma história. Fantasia. Tudo pode acontecer. - ela resumiu, sem querer entrar nas tão conhecidas "figuras de linguagem". A netinha teria tempo o suficiente para estudar bastante isso nos anos vindouros.
- Simples assim?
- Simples assim. Agora posso continuar?
- Demorou! - disse belinha, toda empolgada.

Com uma paciência que só avós conseguem ter, a narradora suprimiu um breve discurso elucidativo sobre o motivo da demora e seguiu em frente...

O JB continuava naquele transe. Porém, antes que seus lábios tocassem os da bruxa, seus sentidos gritaram mais alto e ele ficou em imediato estado de alerta. Um som não indentificado se aproximava com incrível rapidez, até se tornar completamente audível.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Por pouco o JB quase não consegue identificar a fonte da gritaria: um vulto passou correndo como ele nunca vira alguém fazer e agilmente subiu em uma grande árvore que havia por perto. Nada mais óbvio, todo o acontecimento aguçou a curiosidade do JB que, infelizmente, teve tempo de somente começar a delinear o vulto com os olhos - os trajes do mesmo se confundiam com a folhagem - quando teve sua atenção desviada novamente.

- *AHEM* - A bruxa, com uma expressão nada contente, chamou sua atenção - Não está esquecendo de nada?

Com um enorme estrondo, os dois foram interrompidos novamente. Ao olhar na direção do barulho, o JB viu, esparramada no chão, uma mocinha de orelhas pontudas e cabelos castanhos desgrenhados. Tudo indicava que ela não só era o vulto, como havia caído da árvore, junto com o galho que havia partido.

- Vocês... ahn... viram um esquilo por aí? - disse ela, com um sorriso nervoso enquanto tentava se recompor.

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